07/10/2009

Deus se manifesta, age através de Seus filhos (stub)

Saio rumo à padaria mais próxima pra comprar pão de queijo. Mentira. Mero pretexto. Pão de queijo é coisa de viado. Na verdade saio afoito para a Sex Shop a fim de aproveitar a liquidação de vibradores de poliuretano desenvolvidos pela NASA. Na volta, poucas quadras adiante, um pivete remelento me aborda e anuncia o assalto. Dois alunos uga-uga de jiu-jitsu passam observando, e interceptam o criminoso. Imobilizam, tabefeam, subjugam e depois escorraçam o pirralho. Resumindo: são Anjos da Guarda. Deus os usou para me salvar daquele vilão. Logo, convém constatar que aquela criança foi instrumento do Cramulhão, e o meu bom senso e ciência de causa devem ignorar o fato de, malgrado ela ter apenas 9 anos de idade, já ser usuária de crack, não conhecer o pai mas saber que a mãe está presa. Todavia, por razões sobejantes, nada disso influenciou seu comportamento. O católico ao qual relatei o ocorrido assegurou: “Viu? Deus dá provas de Sua existência todo momento, e você reluta em crer na Sua existência. (...) Ele usa os outros para nos defender do Demônio. Reconheça!”


Deus é justo.


Deus salvou minha pele. Ele me ama e sabe o que faz. Incondicionalmente. Aleluia. Ama a todos, aliás. “Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido.” (Salmos 90,7). Agradeci pela solicitude dos guardiões. Em sinal de gratidão, partilhei os pães de queijo, peguei o número do celular deles e fui por aí. Curtir o vibra, só na placidez do dia seguinte.


Os dois Anjos passavam diante da loja em que eu havia adquirido meu mimo pouco tempo atrás, até que um deles sinaliza: “Saca a porção de bichas lá dentro!”, e seguem, putos, rangendo os dentes. Eles vão na cola de uma delas, que se retira livre-leve-solta do lugar. Dobram a esquina. Enquadram-na. Imobilizam, tabefeam, subjugam e depois escorraçam a biba. Uma viatura aparece, espevitada feito uma Drag noiada. Os PMs descem e prendem os agressores bibafóbicos.


Decorrido o fuzuê, queixa na Depol e blablablas cediços, o referido gay vai embora. Ufa. Enfim em casa. Senta-se. Pega a latinha, pede a um moleque de 9 anos pra acender a pedra, e conta:


“Viu? Deus dá provas de Sua existência todo momento, e você reluta em crer na Sua existência. (...) Ele usa os outros para nos defender do Demônio. Reconheça!”

11 comentários:

João Paulo Ribeiro disse...

O poeta está se perdendo por querer chocar... Acredtide na arte, velho, seus textos são fdp..., mas não se venda pela contemporaneidade. Logo vc, díscípulo do diabo, se prostituindo...

Ricardo Wagner Alves Borges disse...

Querer chocar?
Você tem certeza de que apalpou o bojo do conto?
Chocado fico eu ao ver um passadista recalcado, fedendo à naftalina e CAFONA (e sobretudo jactancioso por adotar um léxico mofado, uma forma desbotada e uma temática entrevada, elementos estes em desuso desde a invenção da catapulta) vir aqui me dizer como devo lidar com um pretenso ofício.

No tocante a polemizar (o que aqui configura detalhe, não finalidade), temos Sade, Lautréamont, Bukowski, Henry Miller, Hilda Hilst, Pedro Juan Gutiérrez, Anaïs Nin e os contemporâneos (provavelmente não correspoderão aos seus refinados anseios!) Xico Sá, Marcelo Mirisola, Dalton Trevisan, Daniel Galera, Santiago Nazarian, Paulo Castro, Ivana Arruda Leite dentre tantos outros. Ou seja: chocar deixou de chocar há muito.
Você parece o típico cidadão que, ao se deparar com o verbete "punheta", desiste de concluir o restante do texto e sai alardeando aos quatro ventos que o autor é pornográfico, só quer causar polêmica, não vale nada e blablablices.

Ricardo Wagner Alves Borges disse...

Não escrevi o presente sob encomenda. Dá a entender que o enderecei a você. E mesmo que tivesse o intento de nausear, qual o problema?
A arte precisa ser isenta de choque?

Ah. Por favor, não me chame de poeta. Hodiernamente, qualquer mentecapto portador de CPF e RG tem blogue e assim se proclama. E é cabível apurar se alguém pretende "meramente" chocar quando se conhece, à guisa de oportuna contextualização, suas primeiras e últimas intenções. #mimimi

Dê uma bisbilhotada em minhas outras publicações dispersas por aí!

Eu acredito na arte, e arte, em sua modesta acepção geral, significa CRIAR, INVENTAR, TRANSFORMAR, e jamais REZAR a EXATA cartilha de poetas parnasianos/barrocos/simbolistas e abades da vida que limpam a bunda em réplicas do Sudário. Não funciona nem para comer suas aluninhas do Ensino Médio. Aliás, não acredito na arte não. Ela não me inspira confiança, mente muito, fala pelos cotovelos. E o termo "acadêmico" soa pomposo demais. Foda-se a arte, pau no cu da classe dos artistas. Acredito no crime, no efeito da pedra de crack, no incesto, na necrozoofilia, no lirismo lúdico presente na blasfêmia intra-uterina, e nos vasos sangüíneos rompidos ao se ter um volume de Ulysses entalado no cu pela primeira vez.

Ricardo Wagner Alves Borges disse...

Caso almejasse chocar, a princípio teria elaborado um texto sobremaneira destoante de tudo o que escrevi até hoje, o que não condiz com o caso (vide arquivo do próprio Prodigus. Nele você há facilmente de encontrar, segundo seu juízo tacanho e acervo referencial capenga, textos de fato inçados de nociva eletricidade para oblatos retardatários de Bilac, Cruz e Sousa e afins). Se é que tenho estilo, é notório que há um bocado de anos que escrevo assim.
Vender PELA ou PARA a contemporaneidade?
Francamente, houve uma inadequação no emprego da preposição, não?
Talvez um modo de coibir a venda para o que você nomeia de contemporaneidade (e eu faço questão de escrever justamente para contemporâneos, ora, pois! Você escreve para antepassados/falecidos/médiuns que incorporam Augusto dos Anjos e trupe?) seja propor um retorno à rima parnasiana compulsória, à escansão obsoleta e à métrica anacrônica e esdrúxula.
Discípulo do diabo? Não, de modo algum. (E se eu for, você se contradisse: é parte da natureza do diabo chocar! Logo, que mal há nisso?) Se há algum discípulo aqui, este é você: discípulo do velhaco maniqueísmo ocidental cristão, vítima da Síndrome da Doisificação: por pensar o seguinte: se não é bom, implica ser mau, e vice-versa. Reitero: se sou discípulo do Tinhoso, que incoerência há em prostituir-me? (...) Salve Sade, Sodoma e Gomorra!


Sem mais para o momento, desde já agradeço.

Cássio Amaral disse...

véi,

o trem é como de sempre: bem construído, bem feito e com sua crítica e autocrítica que fazes bem, massacrando o texto no olhar do contexto de nossas efemeras infinidades passageiras mano.

PORRA, QUE SAUDADE SUA

VC DEVERIA ESTAR AQUI NA ALEMANHA BRASILEIRA.

SEM PALAVRAS, POMERODE É ORGANIZADA, LIMPA, EUROPA, DIFERENTE DEMAIS...

SAUDADE SUA E MUITA

BRAÇOS.

Greyce Kelly Cruz disse...

o texto não me agradou tanto quanto a sua resposta ao primeiro comentário...
como acredito que vocês sejam amigos,achei a crítica uma coisa meio que São Jorge,cabisbaixo lamentando profundamente ter emprestado sua importante metade mitológica aos devaneios Djavanianos. (poruqe é como eu estou me sentindo)...

se for só mais um de seus amigos da rede que acompanham seu blog (como eu) mas que sentem até um receio de comentar,então ele tá desculpado por antecipação e você é realmente muito mal(mesmo)...

Felipe Costa Marques disse...

Hirsch, nehmen in den Arsch!

Felipe Costa Marques disse...

geliebt!

Luciano Henrique disse...

Me moderou né? É isso que chama de liberdade?

Luciano Henrique disse...

Seu estilo é muito ruim!

Ricardo Wagner Alves Borges disse...

Jesus tem um estilo mais original e provocante; é vero, é fatual!
Aliás, por que estou dando ouvidos à paracusia?

Vade.