15/12/2007

Abrenúncio!

Para.
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A L. Rafael Nolli
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Bicho, não sei se rola. Vão descobrir. Que nada, brou. Cê vai queimar meu filme. (No início desta frase, um exemplo de síncope, dedicado ao Pasquale). Não sabem distinguir autor de narrador, eu roufenho de eu lírico, potência vocálica anônima de falsete vendável pop, tudo isso sem envolver as vozes a discursar. Vamos acasalar nossas caligrafias e ver no que dá. Sua letra arredondada com a minha inclinada pra direita. (Pausa, tosse e bad trip antecipada) Mas entrei de gaiato na onda do crack, bicho. Pouco importa: eu curto cheirar, e daí? Cheiro mermo. Eles vão confundir autor cocainômano com narrador craqueiro; autor craqueiro com narrador cheirador, tenho em mente. Você está pro crack, meu, esqueça! Você vai levar a culpa, vai ver só! Que nada, iii. Vamos azucrinar, topa? Sei lá. Misturar isso com Diazepan, mui doido, maluco! Cadê meu isqueiro? Deixa a galera lhe torpedear, isso excita: enquanto eu gargalho, noiadaço, diante da interpretação equivocada deles. Vamos aturdi-los, chefia. (___) Não podem produzir provas sobre quem afinal encabeça o texto. Autor, narrador, vão ter que relevar, na manha. Vou falar desses poetinhas de resguardo antes mesmo de parir um esboço. Quero nem saber. Hei de continuar a ordem nolliana, prontacabou! E não temo desforra nem Lei Maria da Penha, embora tal acuda Claudio Daniel*, Ademir Assunção, Chacal e Xará Aleixo. Veja o quanto você é vacilão: se você se dirigir ao Aleixo dizendo “xará”, na boa, vão matar a trama, vão descobrir que o texto foi narrado pelo autor, e não autorizado pelo narrador. Cautela, meu chapa! Larga mão de ser careta e medroso, vamos ao que interessa! Shhh. Deixa só cheirar ‘sa aqui. Shhh. Bosta de nota de derreal. Tem outra nota aí? Belê. Vou fumar essa pedra aqui, ó, verde, tem base? Na lata mermo ___________, porque senão ________________, e não faz minha cabeça. Primeiramente, esse Claudio Daniel... quem é? Ah, foi uma das omoplatas a suportar o evento Tordesilhas. Ele determinou quem merecia, quem demonstrou, segundo critérios escusos, uma "estética" (único componente interessante na poesia, segundo ele) expoentes de peso. Humm. E daí? Ele se acha. Defende com unhas postiças e dentadura que, quanto mais exótica se afigura a poesia e sua origem, mais menção esta faz jus, sacou? Ahm. O cara então é um espécime de frei dum eremitério carmelita: compete só a ele, na cabeça dele, selecionar os vocacionados à poética contemporânea nacional. Saquei. É por aí. Ele se ajeita e atesta que, sendo escrito por um Spock, aquele orelhudo do Star Trek, já merece acolhida do leitorado e inclusão em eventos de renome. Sei. (Pausa) Um barato essa pedra, pô. Jura? Esse pó que o camarada me arrumou é puro bicarbonato. Ordinário! Adrenúncio! Adrenúncio? Aprendi jogando Master. O mesmo que “deus me livre, vade”. Esse Claudio Daniel se posta, ditatorialmente, no direito de peneirar a poesia brasileira fecunda, embora qualquer gênero literário, por si só, dispense porta-bandeiras. Saco. A poesia não requer ninguém pra procurador. Ela, sozinha, fala por si mesma e se identifica dentre as demais linguagens. Concordo contigo. ________e_________? Empresta o isqueiro aí. __________ Shhh. Gué zabê, êze gára não dá gom dada. Fuuu. ______________ Pronto, morreu o barato. Claudio e cia. ltda. se escondem atrás do vocábulo alienígena pra mimetizar a dificuldade em lidar com a linguagem escorreita e crua. Tremulam diante da possibilidade de o leitor descobri-los uma farsa. A literatura graúda, em qualquer “departamento”, _________________. Hoje não leio mais poesia: o contato com ela me enfraquece tal qual criptonita. Talvez ele pense que, quanto maior a distância traçada entre leitor/autor, maior o impacto. Aí discordo. Certo dia ele... acabou de entrar no emeésseêne aquela gostosa-sacana-safada. Trililim. Ó. Vibrou o monitor, ahaha, uhu. Não. Vamos concluir o texto. Esqueça a vaca! Certo dia o Cedê [Claudio Daniel] publicou um poema inédito, cuja terminologia deve ser imperscrutável até mesmo prum pêagádê em biologia/botânica litorânea. Ele quer impressionar com sua poesice ungida com óleo de cozinha usado. Assevero que a poesia é um instituto, religioso, falido. __________(___)_________,__________?_________(Que fazer dessa fissura?). E por isso, por isso e por aí adiante. Dá um cigarro aí. Derby, prata céu? Putz. Nah. Quer ou num quer? Vai, fazer o quê? Aproveita e abaixa o volume do som. Pô, deixouvir meu Lord Belial em paz, cacete! (___) Também sou contra a venda de literatura. Caso o seja, convém oferecê-la a custo de churrasco grego: o vendido na Sé. Ah, essa poesia contemporânea congestionada, pois carrega um baita espírito de contradição temporal. Mas uma leitura vertical (constituída de facilidades) não basta. Ela, a poesia, não se incumbe apenas de comunicar ao leitor o que se passa na vidinha do autor ou no mundaréu do personagem. Entretanto, esse lance de regá-la com mercúrio e metal fundido não rola nem a pau. Cedê e Virna Teixeira formam uma dupla sertaneja, não?, levando-se em conta o macérrimo conteúdo apresentado. As duplas sertanejas choramingam um besteirol acessível, enquanto aqueles cometem a besteira de cantar o intangível; ademais, barram____________. Certa feita, uma professora do ensino médio alertou-me pro fato de que poesia “é algo pra ser admirado, e não compreendido”. Bff. Ora, a meu parecer, só se torna suscetível de admiração a matéria inteligível, mesmo que incompletamente. Grifanota aí! O fator estético claudiodanieliano tem menos conteúdo que as composições de funk, pois este pelo menos consegue nos irritar pela via do arremedo de 'insinuações pornográficas' (eita eufemismo), enquanto aquele opta pela obscura via do beco sem saída nem chegada: nada dele podemos captar. Parece um manual de instrução pra se ouvir pagode e quejandos longa vida elaborado por quem só domina engenharia hidráulica. (Bff) (Pausa proutro Derby) Poesia feita hoje abomina inspiração, vocação, piração e transpiração; é sobretudo um escapulário pendurado sem sabê-lo em finalidade quem o usa. Vou largar mão da literatura (poesice) e investir cabramente noutra brincadeira, noutro chamadilho escrito. Enquanto Dubai se avoluma sobre a areia dos Emirados Árabes Unidos, essa poesia não passa dum catarro seco, franzino e acuado no nariz, saca só! (mostro o catarro na ponta do indicador). Não agüento gente a se afirmar tal qual Elias, o santo da espada châmica, o intransigente ____________, manjou? Se um dia um sujeito adentrou a igreja (poesia), significa que o Mal fez a mesma entrada, pela porta principal, e se curvou no macio genuflexório tamanha a dor de barriga ao constatar quem representa o deus (poeta) aqui na terra. Se um dia um sujeito entrou na igreja, o Mal fez o mesmo percurso, entrou pelo mesmo buraco. __________________blablabla. ________ (?) _________. Há __________________________, porém não vale a pena comentar e nem quero desperdiçar aquele Dove. Quem não está bem consigo mesmo não descobriu um método eficaz pra se matar. O ateísmo (aqui já deu pra notar que poesia e religião configuram mesmo mote, haja vista que ambas têm lá seus papas infalíveis) é uma opção, jamais conclusão. Venho pra mudar de vida, não de sofrimento, logo fora de mim o espírito santo neoparnasiano desse eremita assoberbado, desse eminente Caifás paulista. Cedê escreve patavinas; faz gambiarra vocabular – e convence os oblatos, pff. _______,__________________(___)______________! 1, 2, 3. Quem me salvou do eremitério não foi deus algum, mas Alexander Graham Bell. (Bicho, preciso inserir mais gírias, quase me esqueço, senão descobrem que sou eu o autor disso), tal qual os príncipes sacerdotes que pré-determinaram uma sentença de morte pra Cristo, sem o fulcro de qualquer trâmite processual a precedê-la, favorável àquele, bem diverso do empregado em nosso Estado Democrático de Direito, hodiernamente. Parar com essa joça de texto e dar um rolê... Que nada! Sem grana-esquema-pó-a-pé-chuva, pronde? Brou, confesso que esta caneta rolou demais. (___) Não cabe à poesia tão somente a incumbência de ilustrar e tampouco a de (se) impor entre as demais formas de comunicação, porque ela não se restringe a informar ou/e decorar. Fora daqui Calíope; vaza daqui Virgen del Carmen que intercede por nosotros. E não me venham imbuídos da defensiva de que a escrita de Claudio Daniel não exerce o mesmo efeito dum leite de magnésia. Não. Puro laxante, enxurrada, dilúvio fecal que não cabe em estórias arcaicas (relativo a Arca de Noé). Neoparnasianismo = poesia contemporânea em voga que é = mesma coisa, ao mesmo tempo, o tempo todo. Resta cristalino: não se necessita de vocação pra delinear poesia, ainda mais em tempos onde ninguém precisa ser mulher pra ser considerado fêmea: basta sim dispor duma genitália afeminada ou orifício competente. (___) Sei lá se a poesia vai dar a volta por cima. Vai rodopiar, até cair, mais e mais, na medida que dá talagadas em Retsina e se protege do frio com pele de lontra. Pra lá esse Claudio Daniel, o Gasparetto da poesia ocupacional! Falou, bicho? Pra lá a personificação do zeitgeist da nação! Se a poesia morreu, qual o sentido em confiá-la a um líder? Vamos à pá! Cava, vai-vai-vai. Ah, ela tem seu sucessor, embora pertença a outra laia. Ah, quem pode nos ajeitar um pó agora, hein? Eita fissura. Liga pro______. E vê se pisa nesta baratinha ---->
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*As Figuras Metálicas de Claudio Daniel, independentemente da qualidade do chapeado, enferrujam – e tetanizam. Cuidado, leitor! Vale a pena conferir o poema Primeira Cabeça, publicado em 14 de novembro do ano corrente.