31/07/2008

Glória à Esparta!



oooooo(velhice:
oooooooooooooooooooo
ooooooooooestágio mais avançado
ooooooooooda infância bélica.

oooooooooorecrescência
oooooooooodo engatinhar
oooooooooorumo ao precipício
oooooooooohereditário.

ooooooooooooooooo última travessura.

ooooooooo reaprender a engatinhar
oooooooooosobre a pétrea
ooooooooooe escorregadia disciplina
ooooooooo – a macios passos de réu alado.
ooooooooooooooooo(
...Espar
ooooooooo oooooooo[Spártē!]

ooooooooo sê lançado aos lobos
ooooooooo quem resvalar além
ooooooooo do traçado a sangue
ooooooooo pelo infante que lambeu
ooooooooo o próprio vermelho a gosto
ooooooooo antes do aleitamento:
ooooooooo ooooooooao ao cair de boca
ooooooooooooooooosê exemplo, dentição quebrada! –
ooooooooooooooooo no seio de mármore intumescido!).

19/07/2008

Ainda citações dum cabra do bem

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Erro
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O ouvinte também erra quando ouve, mas não tanto quanto o falante enquanto fala.
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Mérito
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Quem não pecou não merece nem o céu.
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Narrador versus Autor
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O autor e a pessoa anterior, dentro ou posterior ao texto se encontram, mas não são necessariamente a mesma pessoa..
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Policiamento
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A exaltação do líder, a reverência à celebridade e o amor a qualquer coisa que seja diversa do policiamento severo do amor próprio só podem transformar o homem em algo ainda mais desprezível do que o pouco que se dedica a ser. ...
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A
Apologia da mentira criativa
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Uma verdade requer, de antemão, a fim de se fazer persuasiva e hipnótica, o flerte direto com uma mentira criativa.
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Além do mal necessário
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Por mais cruel que seja um estadista, este ainda demonstra idoneidade pra legar ensinamentos apreensíveis e valorosos à construção social.
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Ressaca televisiva
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Deixem a mídia e a publicidade Zeca Pagodinho feliz com seu pandeiro: o sabor da cerveja, seja ela qual for, não muda pra melhor só porque ele a prioriza e qualquer gajo sabe disso. (...) Nah! Que Zeca Pagodinho encaixe no oritimbó sua preferência, cachê, banda inteira e o que mudou pra pior na sua vida!
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Paternidade

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Por minha filha, não só afronto um demônio graúdo, bem como conjuro-me tal qual.
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Como, quanto
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Ter convicção de que deus existe ou ter convicção de que ele não existe não torna o enigma menos obscuro, tampouco poupa alguém do fardo do livre arbítrio. A fé não prova nada além do como e do quanto se pode acreditar em algo, seja existente ou não. A comodidade da fé encontra respaldo no "como" e no "quanto", nunca no "porquê".
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Aprendizagem
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Não me pergunte nada a respeito da vida, se a morte mal iniciou sua catequese.
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Inevitabilidade, obrigação
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É muito à toa quem não mente.
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Feiúra referencial
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Dizem que o mundo seria sobremaneira agradável e gozável se não houvesse ninguém feio. Ora, pois: o homem só atribui valia ao belo porque a feiúra ocupa seu papel. Só se sabe apurar o bem-estar estético quando se sabe onde detectar a origem do mal-estar: o não-belo à visão, ao desejo comum.
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Da condição de fato à afirmação do fato
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A afirmação “sou ateu” e vice-versa não atestam o suficiente: afirmar ser algo não implica ser verdadeira e exatamente este mesmo algo. Alguém pode ser ateu e ainda não ter consciência disto, mesmo declarando crer ouvir algum deus: o que vale diretamente à contraposição do ateu: há quem prostre diante do seu ateísmo, invariavelmente, entretanto, em silêncio e em ignorância do fato, reza com mais fervor que Cristo. O homem foca mais a atenção no seu deus do que na própria consciência.
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Solteirice versus matrimônio (ou idéia equivocada sobre liberdade)
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Engana-se incautamente o mulherengo solteiro quando crê se livrar do compromisso matrimonial por evitar se embananar a tal ponto com uma mulher. A mulher, puta ou não, vê um marido ideal no sujeito com o qual sai, mesmo que isto custe ser tal marido numa trepada só e nada mais. Solteirice não significa liberdade.
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Da prioridade à minimalização
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O demasiado colorido, auditivo e olfativo envenena a percepção. Não há nada igual a estar sobre a cama, dentro dum quarto silencioso e escuro pra se auferir idéias coloridas, auditivas e olfativas et coetera.
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Preconceito nojento
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Desqualificar um indivíduo pelo fato de ele não acreditar na existência dum deus é um dos preconceitos mais nojentos possíveis, haja vista que o ateísmo não diz respeito ao estado flagrancial de uma conduta delituosa, imoral ou torpe, e sim à sublimação da carência teologal – o que se flagra comum e constantemente entre religiosos ditos militantes e, não raro e paradoxalmente, entre os que perpetram uma conduta torpe, imoral ou delituosa.
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Da atividade de não-dizer
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Quando telefono a alguém e ouço "ele não está", e respondo "depois eu ligo", resvalo na redundância, em excesso talvez crasso. Se eu telefono a alguém relevante, depreende-se que telefonarei de novo, logo o advérbio “depois” é desnecessário, por mais que digam que reforce a situação. Ah: e a ausência da promessa "depois eu ligo" não caracteriza seu oposto. Omitir não significa não responder. O silêncio é um ato a comprovar maturação bem-sucedida. Há quem diga, por força do senso comum, ter acesso à experiência perfeita, mas esta não pode ser perfeita enquanto não é (conditio sine qua non) ao mesmo tempo eterna. Se o fosse, o homem não diria nada nunca mais. A fala denuncia seu estado de insatisfação constante, natural e necessária.
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Inferno presente
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Se a maldade for mero transtorno de caráter psiquiátrico, então todos são inocentes e o inferno – ei-lo! – é isto aqui mesmo.