16/04/2009

Ateus, gays e fedidos: uni-vos!

Vou vender meu televisor. Ou quebrá-lo. “Recebe a cura, recebe a unção” – é o que ouço quando o ligo. Dos 7 canais abertos que funcionam, 4 têm conteúdo todinho cristão. Não dá. Globo, SBT e Record, os 3 restantes, não transmitem bosta alguma, salvo uma propaganda ou outra impondo uma ameaça ditatorial religiosa travestida de necessidade indispensável e promessa de vantagens. Daí fui navegar e li 3 textos: um do Mr. Manson, flertando com os agnósticos e gays enrustidos, equiparando-os com propriedade; um da Marjorie, sobre a inquisição atrás dos sovacos peludos; e outro do Alex Castro, sobre os reprováveis padrões de higiene e beleza atuais, encorpando o da Marjorie. “Por que cargas d’água agnósticos, bichas e higiene têm algo a ver afinal?” Bem. Olha. Veja. Saca. Dum lado, agnósticos figuram espécimes de ateus enrustidos, com tanto receio de assumir seu “lado” como quem se julga macho mas gosta de currar outro macho, e no entanto não sabe que não passa de um também boiola, embora no pólo ativo. É bicha do mesmo jeito, ora. A diferença é que, neeeh, ele o sabe, ah, sabe sim, e não admite. De igual modo, os agnósticos ficam enfiados no armário, e lá no fundo, bem escondidos e agachados, devem ter a consciência de que de fato adotaram o ateísmo como forma de crença. Mas entendo um pouco a situação. Religiosos (90% da população brazuca) afastam-se e tão logo perseguem irritados os descrentes, assim como a madame socialite dá bolsadas no hippie que a cutuca "R$ 1,00 a pulseirinha, dona!" Danem-se os ateofóbicos! Não fedemos, não fazemos mal. O ateísmo resulta da arte de levantar suspeita absoluta em torno da possibilidade lógica e necessária de haver qualquer tipo de divindade. Quem crê, carece de deus, contenta e se conforta com a presença de fé contra a ausência de prova; quem não crê, conforma e se contenta com a ausência de fé contra a presença de prova. “Agora me fala da relação disto com vaginas fedidas, pêlos, desodorante e boniteza!” Ora. O preconceito patente baseado em dogmas, sejam eles advindos da religião, sejam oriundos da indústria de cosméticos. A religião obriga a crer num deus, e assim se é digno do paraíso; a publicidade (o sacerdote da indústria) obriga a utilizar suas lâminas e aromas, recompensando-se com a atração de machas ou fêmeos ou ou ou. Phhh. Logo, tratam um ateu como gay fedido; um gay fedido como ateu; ou um fedido como ateu gay. Não dá. A presente aferição merece atenta observância, pois encaram os ateus como peludos fedorentos e, agora, pra piorar chegou, numa bela embalagem, direto da fábrica, o preconceito que vê a mulher que não usa Vagisil e Gillette como sendo igual ao homossexual que não esbraveja seu ateísmo em público. A indústria, especificamente o mercado de cosméticos, dissolveu em acetona a mente da sociedade, raspou o criticismo, besuntando-a com valores melequentos e hábitos nojentos, bem ao jeito das religiões em proa, valendo-se de táticas de embelezamento perversas. Os ateus devem assumir sua postura com hombridade, na linha dos homossexuais a marchar, em multicores, na Av. Paulista, anualmente; ora, pois. Você, agnóstico! Reconheça logo: comer o cu da Sheyla, Bianca, Rogéria ou Zenaide não lhe torna um varão respeitado, porque de mulher a Zenaide, Rogéria, Bianca ou Sheyla só possui o nome, por sinal, de guerra. Aproveita logo e assume que você é uma bichona atéia. Faça como o pessoal purpurinado que desfila na Parada Gay, e organize já uma Parada do Ateu. Viu, você ficou mais leve, fresco? Faça valer sua visão canhota. E você, querida mulher-mulher, não permita essa ensaboada cerebral televisionada lhe convencer que sua xota tem cheiro ruim nem que sovaco apreciado é axila raspadinha. Mentira. Maldade. Meu sonho é encontrar uma mulher peluda, “in natura”, e se possível que abra mão dos absorventes tradicionais. “Ó, musa, cadê tu?” Tragicamente, nem nos rincões onde as igrejas evangélicas mais radicais e primitivas resistem pude encontrá-la. Adoro mulher barbuda, com pêlos nas costas e cheirinho original. A mídia, este Leviatã, quer extirpar as peludinhas azedas modernas do gosto popular. Um cão não supõe que seu rabo configura uma deformidade física feia o bastante pra ser removida pelo seu amado e fiel dono. O rabo desagrada o dono, nunca o cão. O cão, que na verdade é um burro, mal sabe que há um rabo ali. A mulher de (não) tão antigamente desconhecia a matéria de que seus pêlos infratores mereciam tamanha represália. O pêlo é réu; desodorante e lâmina materializam o cumprimento da lei. Uma perna depilada e um sovaco lambuzado de Dove correspondem ao interesse totalitário-policial-repressor do marketing, não à livre preocupação individual feminina em face da sociedade e seu bem-estar. Desodorante e lâmina são acessórios ao certo dispensáveis ou estendem, artificialmente, a natureza corporal? Nsc. Prescindo de mulher cheirosa, macia e lisa e odeio bichas. Digo, admiro bicha e ateu autênticos. Isto vale pros machos-machos, claro! Falando nisto, propaganda infame aquela onde um troglodita extrai um desodorante Axe duma rocha, perde a barba prum vaporzinho barato e monta num mamute como se estivesse sobre uma Harley-Davidson. Pura lavagem cerebral. Grave anacronismo. Ora, a sociedade aderiu ao uso de desodorantes e barbear compulsórios, numa escala histórica, recentemente. Não subsiste nenhuma garantia de que naquela época homem barbeado, cheiroso, macho e temente a um deus faria sucesso entre os seus. Ah, alguém ainda quer comprar uma Gradiente tela plana?

7 comentários:

Unknown disse...

muito bom, grande abraço Cazuza ...

AnaBe. disse...

Na próxima reencarnação você vai ser padre...

Manoel Soares Magalhães disse...

Não sei de onde provém tanta fúria, escárnio, raiva e etc etc etc... Que seja bem-vinda então toda esta forma de desembuchar e embuchar - porque embuchar é bom! Fantástico blog, amigo! Grande abraço!

ºª disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

huhauhauhuahua!
isso tudo porque acabou o dim pra comprar o seu desodorante, né, seu evangélico de merda?
o dim da TV a cabo assinada, nem pensar....
então um quase trabalho acadêmico sobre pelos, fedor, bichas e religiosos. rsrsrsrs.
vc é figura, ricardex. tenha clemência não-piedosa dos religiosos compulsivos...eles precisam de lavar suas mãos. entende?
no mais, bactéria anaeróbica e afins também não são lá muito excitings, fala aí! no tempo do tarzana ainda não se comia extrato de tomate elefante e orgânicos conservados em processos de mumificação egípcios.
mas tudo bem, te amo com absorvente ou sem.
bjoka.

Marília disse...

A-DO-REI seu texto! Sou atéia esqueço de usar desodorante às vezes e detesto me depilar, hauahauahuahahahaua,também sou bissexual (por hora enrustida em uma clássica famíla papai, mamãe e filhinhos), hauahuashaushaush. Musa, eu??\°/
/ \

Anônimo disse...

ESTES DESGRAÇADOS REVOLTADOS COM SUA
PROPRIA E MOFÉTICA EXISTÊNCIA,TENTAM
DESCONTAR EM DEUS PAI TODA ESSA IRA
IMUNDA QUE ELES GURDAM. ESTAS LIXEI
RAS ESPIRITAS, QUE SÃO OS MAIORES PRO
DUTORES DE MALUCOS QUE ANDAM PELA RUA
ESTÁ CHEIA DESTES GAYS,DROGADOS E OU
TRAS MASSAS MOFÉTICAS QUE NÃO SERVEM
PARA NADA,E O PIOR QUANDO A COISA APERTA ESTES DESGRAÇADOS QUE SE DIZEM
ATEUS SÃO OS PRIMEIROS A GRITAREM "AI
MEU DEUS". MAIS O DIA DESTES DESGRAÇADOS ATEUS,ESPIRITAS E OUTROS HEREGES ESTÁ CHEGANDO