22/06/2008

Que é isso?

À minha filha, Maria Laura Rocha Borges
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Que porra é essa? ::: Crianças não perdem tempo de pasmar diante das coisas novas. Põem o olho em tudo o que as olha, e depois metem a língua no pai-mãe: "que é isso?". Crianças fazem como ninguém o uso da dependência de respostas formuladas pelos pais. Eu, seguro, não sou criança. Não reclamo voz nenhuma pro pai-mãe. Tenho um mal inato de inventar explicações pras coisas novas, sozinho, como muitas outras. Preferi genitores órfãos de mim. Mas quando caio arrebentado do colo que eu mesmo criei pra mim – aquele, sem intervenção dos genitores –, corro direto pra menina que me pergunta "que é isso?", até ser completamente adotado pela minha filha. :::

9 comentários:

Samantha Abreu disse...

...
porque acabo de me dar conta de que, talvez, haja mais pureza em enfrentar o que não se conhece, e perguntar o que não se sabe (assim como fazem as crianças), do que viver como vivemos nós: iludidos em nossas próprias catalogações de sabedorias universais.
Mas é passado nosso tempo infantil, e já não temos mais o que fazer com tantos papéis cheios de anotações fantásticas a respeito do que se trata a vida, o amor e todas as outras coisinhas à eles ligadas.

confesso, meritíssimo: é quase assim, infantil, o que sinto.

Beijo-te.

Cássio Amaral disse...

Brou,

Acho que sou criança ainda.

Henri Bergson, o filósofo francês que diz que devemos agir como crianaças no EU DO MOMENTO, ou seja é ver a coisa como ela é, sem máscaras. Isso só as crianças sabem.


Abração e vamos em frente.

Linda Graal disse...

ahhh, que delicadeza!

um texto que me emociona...bom mesmo.

amplexos

Anônimo disse...

Sweet!!!
Conte mais disto!
Apague a luz quando sair..
B.

Lucianne Menoli disse...

Ah, de fato, a coisa mais "fofa" q vc já escreveu...
Claro q "fofo" não é um adjetivo q te define mto bem, mas ta valendo.

Talvez a melhor forma de definir o efeito desse texto é tentando entender como vc consegue, mesmo depois de tanto tempo, continuar sendo um encanto. Sempre.

Beijos.

Lucianne Menoli disse...

Só mais uma coisa, me esqueci.

Adorei essa imagem de colo q criamos para nós mesmos. Por ter pais sempre com problemas e inseguranças mto maiores q as minhas, precisei forjar esse colo pra mim tbm. Deito na cama em silêncio, e fico me dando os conselhos e o colo até q passe.

Saudades, e beijo na Laurinha.

Luciana Marinho disse...

ah... que singelo! rs
já vi que esse estado de adoção faz sair de você um menino lindo.

beijos

Unknown disse...

A graça de re-aprender o lúdico deve ser a grande magia de conviver com crianças...
Também quero.
Shay

flaviooffer disse...

puxa...

talvez tenha construido este colo imaginário pra o qual sempre volto quando desolado... mas, se houvesse em minha vida, a beleza e simplicidade de uma criança que me adotasse, seria eu mais feliz, a caminhar na penumbra em que me encontro!

Abraço...
Paz e Literatura!