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Em nada admiro divindades marmóreas, pois não vejo nobreza no apego por criaturas pequenas. Fique óbvio que não faço alusão à estatura: o agaivê e o câncer são honoráveis feras ¨praticamente invisíveis¨, logo merecem respeito, ma non troppo, considerando o que predam. E se os cães e demais bichos delimitam seu território com o jorro advindo da genitália e/ou boga, qual o problema em oferecer minha bunda, se viso assinalar o pênis que me pertence? Não acredito na existência (moderada) de enófilos/enólogos. Quem bebe, o faz por um capricho quantitativo, ambiciona o penúltimo copo deleuzeano; quem bebe, de verdade, costuma pagar uma dose praquela arrombada ressaca. Detesto vinho, por motivos óbvios também. Todo sacerdote católico, no epicêntrico ato eucarístico, confessa sua queda (necro)canibal-vampírica, dado o gosto em ingerir o corpo-sangue literal. Sim: quem entra na fila a fim de engolir carne e sangue humanos = antropófago/vampiro, ou os católicos vão alegar, agora, que tanto a hóstia quanto o vinho apenas 'simbolizam' o lado orgânico do redentor? Então o Milagre de Lanciano não procede? Outra: os católicos adotam práticas pagãs, logo não faz sentido condená-las. Quanta cara de pau!
Em nada admiro divindades marmóreas, pois não vejo nobreza no apego por criaturas pequenas. Fique óbvio que não faço alusão à estatura: o agaivê e o câncer são honoráveis feras ¨praticamente invisíveis¨, logo merecem respeito, ma non troppo, considerando o que predam. E se os cães e demais bichos delimitam seu território com o jorro advindo da genitália e/ou boga, qual o problema em oferecer minha bunda, se viso assinalar o pênis que me pertence? Não acredito na existência (moderada) de enófilos/enólogos. Quem bebe, o faz por um capricho quantitativo, ambiciona o penúltimo copo deleuzeano; quem bebe, de verdade, costuma pagar uma dose praquela arrombada ressaca. Detesto vinho, por motivos óbvios também. Todo sacerdote católico, no epicêntrico ato eucarístico, confessa sua queda (necro)canibal-vampírica, dado o gosto em ingerir o corpo-sangue literal. Sim: quem entra na fila a fim de engolir carne e sangue humanos = antropófago/vampiro, ou os católicos vão alegar, agora, que tanto a hóstia quanto o vinho apenas 'simbolizam' o lado orgânico do redentor? Então o Milagre de Lanciano não procede? Outra: os católicos adotam práticas pagãs, logo não faz sentido condená-las. Quanta cara de pau!
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(__) Diga-se de passagem: não cultivo paciência nem respeito por quem dá a suposta própria vida pelo pico, gole ou trago. Bastam os mártires aureolados que morreram de overdose; basta esta praga de existência! Em prol da vasectomia nas argilas, ad amusim! Ainda querem remediar a existência com a tal da eternidade. (†) Por que não posso simplesmente morrer, feliz para o todo sempre? Além do mais, que misericórdia incondicional (?) é essa se um deus precisou edificar mais outro inferno? Se ele quis perdoar a todos, genérica, indistinta e irretroativamente [________________(?)], por que ser instruído, desde o berço, a engordar a culpa pela morte dele, justo ele, justo alguém absolutamente capaz de evitá-la? Perdão não endivida o perdoado. (†) Pra que outro inferno se há o abismo entre alegoria e literalidade bíblicas? Se Adão é o útero de argila que me pariu sobre o leito alegórico, como saber quando estou diante duma figuração ou dum fato concreto? Âââ. E. Qual a extensão e validade desse perdão? Aquilo só prova o seguinte: se deus morreu naquela cruz pra perdoar os pecados do leitor, não cabe a mim perdoá-lo, porque não há nada mais repugnante e medíocre que um deus, daquele jaez, ser abatido pelo ser humano. Fosse deus onisciente, não teria se inventado. E se há quem reze, implica que deus pode interferir, pôr a mão na massa, e se porventura ele interfere, de que livre-arbítrio tratam? No mesmo rumo, só há livre-arbítrio se estou diante duma escolha a qual não (me) acarreta apenas sanção. Se deus age quando oram e quando pune, onde a emancipação humana se consolida: quando da interpretação/confecção da vulgata? Duvido haver um inferno tão desordenado e confuso quanto esse calhamaço considerado de inspiração divina (¨até mesmo, convém elucidar, quando Satanás se inclui no rol das divindades responsáveis¨)! Associam a figura de Lúcifer às confusões de primeira ordem e mentiras soberanas, entretanto (quer saber?), não faz sentido omitirem sua contribuição direta à bíblia, pois ela se manifesta cristalina e saliente. Humpf.
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Que deus é esse que burla as próprias leis e me exige o cumprimento dos dez mandamentos? Por ora, não acredito na existência de deus algum, seja ele Cristo ou Pazuzu. (†) É notório que Cristo foi crucificado nu, porém é defeso representá-lo com fidelidade, pois o que seria da cristandade se flagrassem o messias de pênis ereto? Cristo, o protomasoquista; São Jerônimo, o protossurrealista; Lutero, o maior foco da epidemia (ao licenciar a 'livre interpretação' da vulgata, surgiram as igrejas-gremlin, as quais, salpicadas com água-benta, multiplicaram-se mais que pão e peixe. Por isso há mais igrejas que cristãos. [Daí o medo de dormir em minha cama e acordar em banco de igreja. Desde a Reforma, nunca mais dormi!]); Kardec, o oportunista (valeu-se do livro mais 'pop' do mundo dos vivos para convalidar sua doutrinice). Existindo um deus, este não merece uma religião (aqui, o verbo 'merecer' tem sentido alegórico). Uma bíblia não merece atenção nem paciência da poeira. Não tenho um pingo de respeito por quem respeita tudo. Religião = divã dos que não toleram o ato sacrificial da criatividade, dos que temem o risco do compromisso consigo mesmo. Dilui o direito à identidade na padronização imposta como cláusula pétrea. A bíblia = passatempo predileto dos criminosos caretas de alto escalão, arsenal que o senso-comum aponta sem saber manejá-lo. Eternidade = solução encontrada no momento para o mesmo momento, capaz de saciar a fome imediatista, mas não o apetite refinado. Eternidade é exigência de glutão; gente fina come pouco, sacia-se com o finito. Homem = coisa concebida à imagem e semelhança do planejamento de si mesmo pra si próprio. Quem se doa à religião realiza o desejo da pulga sem circo. Igreja católica = instituição contra a homossexualidade e simultaneamente a favor de seu fabrico. E qual o problema de um homem que se tornar mulher? Aberrante, amoral e perigoso é quem se transforma em deus.
...O ser humano só não se compõe, quando, por receio ou dó, deixa de abater deuses e/ou demônios. Deve 'querer' (necessidade orgânica) ser a si próprio de maneira inconseqüente, todavia deve se responsabilizar pelas conseqüências decorrentes do projeto de si mesmo. Ele não experimenta deus, e sim idéias bem plasmadas sobre deus ou si próprio. Cabe a ele decidir como se moldar de acordo com os fatores hereditários e externos, influências voluntárias e involuntárias, fazendo de si mesmo não o único, mas o primeiro ponto de referência. Uma religião não dispõe do direito de escolher para o homem o que ele quer de si, para si mesmo. Uma religião também não tem interesse em responder bulhufas: apenas indica uma explicação simpática cujo riso costuma estender o problema. Ela nada responde. Além das guloseimas, incumbe-se de oferecer explicações ralas recalcadas por um repertório frágil, desonesto e opressor, as quais acompanha desde o esquecimento do bom-senso. Banco de igreja = banco de réus. Amém.
...Quem se deixa guiar por um deus, engessa a faculdade de se criar a partir do que se quer de si, para si mesmo e para outrem. O homem é o único animal a usufruir de sua racionalidade pra viver em função de um deus, em detrimento da natureza que o saúda a viver, bem e com dignidade, aquém da religio perennis. Chega de lamparinas, de oráculos, de avatares, musas à la Delacroix e de ícones revolucionários poluentes; chega de cultos ao heroísmo e exaltações em massa do mérito humano! Chega. (__) Se mártires são projeções subordinadas ao superego, então devem ser caçados, torturados e eliminados, pois só assim se pune devidamente o desgraçado portador de messiania (¨psicose teossomática irremediável¨). De igual modo, não me venham deificar a poesia, declarando-a "a linguagem por excelência". Humpf. Típico discurso ditatorial comumente (e inconscientemente) proferido em tom inofensivo, embora camufle um "quê" fascista, sedento de unanimidade. Quem eleva a expressão artística, ideológica ou religiosa à condição de epifania costuma receber benção tanto no seio totalitário da filhadaputagem stalinista quanto nas soeiras da infalibilidade nazipiodozeana. (__) Deus quis ser deus, tratou logo de inventar o ser humano, e se matou no sétimo dia, antes de testá-lo. Toda idéia de deus bíblico canoniza uma prática diabólica. Por onde deus passa, ele deixa um rastro de sangue, sangue misturado ao barro – assim ele se safa. (†)
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Arte: Tatomir A. Pitariu - Título: Birth of Evil - Site: www.tatomir.com